Dados preliminares de um estudo do Instituto Imazon apontam que o desmatamento na região diminuiu após medidas do governo, como a Operação Boi Pirata.

Em 2008, foi registrada a derrubada de 12 mil quilômetros quadrados de floresta da Amazônia, 4% a mais do que o índice de desmatamento de 2007. Mas, embora o quadro não seja exatamente um motivo de comemoração, a situação poderia ter sido pior. Segundo dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), as estimativas eram de que 13700 quilômetrosquadrados seriam degradados durante o ano passado. De acordo com o instituto, as conclusões preliminares dos dados apontam que as medidas contra o desmatamento do governo federal e do Ministério do Meio Ambiente são responsáveis pela diminuição do desmatamento.

Para o Imazon, pelo menos três medidas adotadas pelo governo estão relacionadas à redução da destruição da floresta. Em março, a Polícia Federal iniciou a Operação Arco de Fogo, que combateu a extração e venda clandestina de madeira; em junho foi a vez de o gado ser retirado de áreas em que não deveria haver desmatamento, na Operação Boi Pirata; e em julho, instituiu-se restrição de crédito a imóveis rurais com irregularidades fundiárias e ambientais, como falta de licença ambiental. Segundo o relatório, a crise econômica mundial também deve ter afetado a oferta de crédito, reduzindo significativamente o desmatamento em novembro.

Para Paulo Barreto, pesquisador do Imazon, a operação Boi Pirata foi um projeto-piloto que deu certo. “Apesar das críticas sobre a demora para conseguir leiloar os bois, o processo de apreensão e retomada do dinheiro foi rápido. E a região de São Félix do Xingu, onde os bois foram apreendidos , tinha altos índices de desmatamento e apresentou a maior redução de desmatamento no país.

Embora tenham surtido o efeito desejado, Paulo Barreto reconhece que, como as medidas têm caráter punitivo, não são viáveis por longos períodos de tempo porque cortam empregos e alteram os negócios do país. Para Barreto, as ações do governo geraram reações indesejáveis, como a tentativa de diminuir o número de Unidades de Conservação (UC) e de reduzir o que é considerado parte do bioma amazônico, proposto por alguns políticos em Rondônia.

Segundo Barreto, a boa notícia poderá continuar a existir se o governo mantiver ativas essas ações que estão mostrando resultado e inclua medidas de incentivo, como a concessão de crédito a agricultores que façam reflorestamento e respeitem padrões de sustentabilidade. “ O governo conseguirá manter essas medidas se conseguir pressionar e ter controle ao mesmo tempo em que avança nos investimentos de políticas favoráveis ao desenvolvimento sustentável, como o manejo de florestas nativas, o reflorestamento de áreas degradadas e o aumento da produtividade agrícola, diz.


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