Amazônia fecha 2024 com queda de 7% no desmatamento, mas alta de 497% na degradação

Área degradada cresceu por causa das queimadas, principalmente em agosto e setembro

Imagem de satélite mostra área desmatada em Mato Grosso, em maio de 2024 (Fonte: SAD/Imazon)


A floresta amazônica teve em 2024 o segundo ano consecutivo de queda no desmatamento, após uma sequência de cinco anos com recordes negativos de destruição. De janeiro a dezembro, foram derrubados 3.739 km², 7% a menos do que no mesmo período de 2023, quando a devastação atingiu 4.030 km².


Já em relação 2022, quando a Amazônia teve 10.362 km² derrubados de janeiro a dezembro, a área desmatada em 2024 foi 65% menor. Apesar da queda significativa, o saldo de floresta perdida no ano passado representa mais de mil campos de futebol por dia. Os dados são do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do instituto de pesquisa Imazon, que monitora a região por imagens de satélite desde 2008.

Esse resultado foi conquistado após dezembro apresentar uma queda de 21% no desmate, depois de seis meses consecutivos de aumento. Foram derrubados 85 km² no último mês de  2024 e 108 km² no de 2023.

“Neste início de 2025, indicamos que os gestores aproveitem a época de chuvas, chamada de ‘inverno amazônico’, para organizar o fortalecimento das ações de proteção da Amazônia, já que a tendência é que o desmatamento retorne assim que as chuvas reduzem. Além de medidas de fiscalização e de punição aos desmatadores ilegais, é essencial destinar as terras públicas que ainda não possuem um uso definido para a conservação, medida de combate à grilagem”, afirma o pesquisador Carlos Souza, coordenador do Programa de Monitoramento da Amazônia do Imazon.

Pará lidera desmatamento pelo 9º ano consecutivo

Entre os estados, o campeão de desmatamento em 2024 foi o Pará, com 1.260 km² devastados. Essa área foi 3% maior do que a derrubada em 2023 em solo paraense, de 1.228 km². Com isso, o Pará manteve a liderança como o estado que mais desmatou a Amazônia pelo nono ano consecutivo, desde 2016. Em 2015, o topo do ranking ficou com Mato Grosso.

É no Pará que também ficam a terra indígena e a unidade de conservação mais devastadas no ano passado. O território originário Cachoeira Seca, localizado nos municípios de Altamira, Placas e Uruará, perdeu 14 km² de floresta em 2024, o que equivale a 1,4 mil campos de futebol. Essa área foi 56% maior do que a derrubada em 2023 na terra indígena, de 9 km².

Já entre as unidades de conservação, a mais destruída na Amazônia no ano passado foi a Área de Proteção Ambiental (APA) Triunfo do Xingu, localizada nos municípios de Altamira e São Félix do Xingu, com 51 km² desmatados. Apesar de ser 39% menor do que a área derrubada em 2023, de 83 km², a floresta perdida no ano passado dentro da APA equivale a mais de 5 mil campos de futebol.

Estado Desmatamento de janeiro a dezembro de 2023 (km²) Desmatamento de janeiro a dezembro de 2024 (km²) Variação
Pará 1.228 1.260 3%
Amazonas 877 820 -6%
Mato Grosso 864 629 -27%
Acre 333 464 39%
Roraima 206 203 -1%
Rondônia 321 191 -40%
Maranhão 162 148 -9%
Tocantins 21 17 -19%
Amapá 18 7 -61%

 

O segundo estado que mais desmatou a Amazônia em 2024 foi o Amazonas, com 820 km². Isso foi 6% a menos do que em 2023, quando foram derrubados 877 km². Mesmo assim, ficam em território amazonense os dois municípios que mais destruíram a Amazônia no ano passado: Lábrea, com 134 km², e Novo Aripuanã, com 119 km², ambos localizados no sul do estado, na divisa com Acre e Rondônia, região chamada de “Amacro”.

O terceiro lugar ficou com Mato Grosso, que desmatou 629 km² em 2024, 27% a menos do que no ano anterior. Também apresentaram queda no desmate outros cinco estados: Roraima, Rondônia, Maranhão, Tocantins e Amapá.

Ao lado do Pará, o Acre também apresentou aumento no desmatamento, porém bem mais significativo. Em solo acreano, a derrubada passou de 333 km³ em 2023 para 464 km² em 2024, uma alta de 39%. Também é no estado que fica o terceiro município que mais desmatou a Amazônia no ano passado: Feijó, com 111 km². Nesse município, a alta na destruição foi de 44% em relação a 2023, quando foram detectados 77 km² de desmatamento.

Degradação aumenta seis vezes na Amazônia

Diferente do desmatamento, que é a remoção completa da vegetação, a degradação florestal causada pelo fogo e pela extração de madeira cresceu seis vezes na Amazônia em 2024. Foram degradados 36.379 km², 497% a mais do que em 2023, quando foram atingidos 6.092 km².

Imagem de satélite mostra de área degradada em Mato Grosso, em setembro de 2024 (Fonte: SAD/Imazon)


A degradação de 2024 foi a maior dos últimos 15 anos, desde 2009, após o Imazon ter começado a monitorar esse dano florestal. Até então, o recorde negativo era de 2017, quando foram degradados 11.493 km². “Esse aumento expressivo na área degrada da Amazônia ocorreu por causa da alta nas queimadas, principalmente em agosto e setembro. Nesses dois meses, a degradação cresceu mais de 1.000%”, comenta Larissa Amorim, pesquisadora do Imazon.

Além disso, Carlos reforça que 2024 foi um ano de seca extrema na região, o que gera estresse hídrico e aumenta a vulnerabilidade da floresta às queimadas. “Foram dois anos consecutivos de seca extrema na Amazônia, o que levou inclusive à ocorrência de queimadas em áreas úmidas da região. Esperamos que esse padrão não se torne o novo normal. As emissões de carbono da degradação florestal associada às queimadas de 2024 superaram as emissões do desmatamento”, alerta o cientista.

Assim como o desmatamento, a degradação também teve queda em dezembro depois de seis meses consecutivos de aumento. No último mês do ano, foram degradados 628 km², 40% a menos do que em 2023: 1.050 km². Apesar da queda, a área afetada pelo dano ambiental em dezembro do ano passado foi a segunda maior desde 2009.


Para o início de 2025, conforme Larissa, o esperado é que a degradação diminua. “Por causa do período de chuvas na Amazônia, as áreas de floresta afetadas tanto pelo desmatamento quanto pela degradação são historicamente menores nos primeiros meses do ano”, explica a pesquisadora.


Pará também liderou degradação

Entre os estados, a maior área degradada no ano passado foi registrada no Pará: 17.195 km². Isso foi 421% a mais do que em 2023. É em solo paraense que estão sete dos 10 municípios que mais degradam a Amazônia no ano passado: São Félix do Xingu (5.298 km²), Ourilândia do Norte (1.937 km²), Altamira (1.793 km²), Novo Progresso (1.593 km²), Cumaru do Norte (1.083 km²), Itaituba (857 km²) e Parauapebas (753 km²).

Além disso, também são paraenses a terra indígena e a unidade de conservação campeãs em degradação em 2024. O território Kayapó, com 4.928 km² degradados, e a APA Triunfo do Xingu, com 1.426 km².

O segundo estado que mais degradou a Amazônia em 2024 foi Mato Grosso, com 9.333 km², alta de 767% em relação ao ano anterior. O Amazonas ocupou a terceira colocação, com 3.000 km² atingidos, 291% superior do que em 2023. 

 

Estado Degradação de janeiro a dezembro de 2023 (km²) Degradação de janeiro a dezembro de 2024 (km²) Variação
Pará 3.298 17.195 421%
Mato Grosso 1.076 9.333 767%
Amazonas 767 3.000 291%
Rondônia 217 2.861 1.218%
Roraima 16 2.824 17.550%
Maranhão 294 627 113%
Tocantins 356 321 -10%
Acre 44 184 318%
Amapá 24 34 42%

 

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This post was published on 24 de janeiro de 2025

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