Grilagem será tema de audiência pública no Senado nesta terça-feira

Área desmatada com pastagem no Pará (Foto: Bruno Cecim/Agência Pará)

 

A Comissão de Meio Ambiente (CMA) do Senado promove nesta terça-feira (13), às 14h, uma audiência pública interativa para avaliar a política de regularização fundiária do governo federal e os impactos ambientais gerados pela ocupação ilegal de áreas públicas, com foco na Amazônia. Conforme pesquisas do Imazon, as atuais leis e práticas para venda de terras federais ou estaduais acabam incentivando a continuidade do crime de grilagem, que está associado ao desmatamento ilegal e à lavagem de gado.

Além disso, tramitam na Casa projetos de lei que podem piorar ainda mais a situação, chamados de PLs da Grilagem: o 2.633/2020, já aprovada na Câmara, e o 510/2021, criado no próprio Senado. No final do ano passado, ambas as propostas foram unidas em um relatório, que mantém o pedido de flexibilização na legislação atual, conforme nota técnica do Imazon.

“Os textos dos PLs e do relatório têm como objetivo legalizar áreas públicas da União invadidas e desmatadas ilegalmente depois de 2011, que é a data limite da legislação atual. Não estamos falando de fornecer a posse das terras àquelas famílias que foram incentivadas pelos governos do passado a ocuparem áreas públicas, pois essas já possuem previsão legal e facilidades para obterem os títulos das áreas”, explica a pesquisadora Brenda Brito, do Imazon, que será uma das participantes da audiência pública.

Doutora em Ciência do Direito pela Universidade Stanford, Brenda pesquisa há quase duas décadas o aprimoramento de leis e políticas ambientais para conservação da floresta amazônica, melhoria da gestão fundiária e mitigação de mudanças climáticas (Foto: Arquivo Imazon)

 

Além dela, já confirmaram presença o gerente de programas e representante da  Transparência Internacional Brasil, Renato Morgado; do especialista em Políticas Climáticas e Agroambientais pelo Centro de Inteligência Territorial (CIT/UFMG), Rodrigo Bellezoni; e do coordenador-geral do Programa MapBiomas e representante do Observatório do Clima, Tasso Azevedo. A comissão ainda aguarda a confirmação do coordenador do Geolab e representante da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), Gerd Sparovek, convidado para o debate. A audiência pública é uma iniciativa dos senadores Fabiano Contarato (PT-ES) e Eliziane Gama (Cidadania-MA).

 

Como participar

O evento será interativo: os cidadãos podem enviar perguntas e comentários pelo telefone da Ouvidoria do Senado (0800 061 2211) ou pelo Portal e‑Cidadania, que podem ser lidos e respondidos pelos senadores e debatedores ao vivo. O Senado oferece uma declaração de participação, que pode ser usada como hora de atividade complementar em curso universitário, por exemplo. O Portal e‑Cidadania também recebe a opinião dos cidadãos sobre os projetos em tramitação no Senado, além de sugestões para novas leis.

 

Conheça 10 fatos essenciais sobre a regularização fundiária na Amazônia

• Fato 1: 28,5% do território amazônico não possui informações sobre destinação fundiária.

• Fato 2: Os governos estaduais são os principais responsáveis pela área sem definição fundiária na Amazônia, mas falta planejamento para controle e destinação desse território.

• Fato 3: 43% do território sem definição fundiária possui prioridade para conservação, mas os procedimentos atuais não garantem a destinação do território para essa finalidade.

• Fato 4: Há pelo menos 22 órgãos com atribuição para algum tipo de regularização fundiária na Amazônia.

• Fato 5: A desorganização das bases de dados fundiários e a baixa adoção de tecnologia dificultam a organização de um cadastro de terras único ou compartilhado.

• Fato 6: A maioria das leis estaduais incentiva a contínua invasão de terras públicas.

• Fato 7: Nenhum estado proíbe a titulação de áreas desmatadas ilegalmente e a maioria não exige compromisso de recuperação de passivo antes da titulação.

• Fato 8: A população brasileira subsidia a privatização de terras na Amazônia sem garantias de uso sustentável no imóvel.

• Fato 9: Falta transparência e controle social sobre a privatização do patrimônio público fundiário.

• Fato 10: Houve mudanças em sete leis fundiárias na Amazônia entre 2017 e 2020 para facilitar a privatização de terras públicas.

*Com informações da Agência Senado

This post was published on 13 de setembro de 2022

Notícias recentes

Nenhum dos frigoríficos da Amazônia Legal está em conformidade com as novas políticas de exportação da União Europeia

63% das empresas possuem controle sobre os fornecedores diretos, mas nenhum controle sobre fornecedores indiretos,…

14 de novembro de 2024

Reconhecimento internacional: pesquisador do Imazon no topo dos cientistas mais citados do mundo

Carlos Souza Jr. é reconhecido pela Elsevier e pela Universidade de Stanford entre pesquisadores com…

12 de novembro de 2024

IMPA e Imazon desenvolvem IA que identifica desmatamento

O Centro Pi (Centro de Projetos e Inovação IMPA) desenvolveu, em parceria com o Imazon (Instituto do…

12 de novembro de 2024

Organizações parceiras lançam um novo programa para Terras Indígenas e Unidades de Conservação no Norte do Pará

O programa está previsto para durar 15 anos e irá contemplar os povos e organizações…

8 de novembro de 2024

Degradação da Amazônia passa dos 20 mil km² em setembro, a maior em 15 anos

Área afetada pelo dano ambiental equivale a mais de 13 vezes a cidade de São…

25 de outubro de 2024

GPA é o supermercado com maior controle da cadeia da carne para evitar desmatamento da Amazônia

Carrefour, Assaí e Cencosud Brasil também apresentam evidências de controle ambiental da cadeia de fornecedores,…

16 de outubro de 2024