Maior município do Acre, Feijó teve 47% da área com extração de madeira

No estado, exploração madeireira se concentrou em apenas 10 propriedades

 

Apreensão de madeira no Acre em maio de 2021 (Foto: Arquivo Sejusp/AC)

 

Um estudo mapeou pela primeira vez a área com exploração madeireira no Acre. Conforme o levantamento, entre agosto de 2019 e julho de 2020, 27.455 hectares de floresta tiveram extração de madeira no estado.

Os dados são da Rede Simex, integrada por quatro organizações ambientais: Imazon, Idesam, Imaflora e ICV, e obtidos a partir de imagens de satélite. O destaque nas análises é de que 20.770 hectares, 76% do total explorado no estado, concentrou-se em apenas 10 propriedades rurais.

A pesquisa destaca, ainda, que a exploração madeireira está concentrada em imóveis rurais cadastrados: 97,13%, enquanto os outros três por cento, estão divididos em unidades de conservação de uso sustentável (0,01%), vazios cartográficos (0,31%), assentamentos rurais (2,52%) e terras não destinadas (0,02%).

“É um ótimo indicativo não observarmos explorações florestais em áreas restritas como unidades de conservação de proteção integral e terras indígenas, porém é alarmante a alta concentração das explorações em pouquíssimos imóveis rurais”, destaca Julia Niero Costa, da equipe de Geotecnologias do Imaflora.

Em relação aos municípios, 13.037 hectares, o equivalente a 47% do total, foram explorados apenas em Feijó, maior cidade do estado. A capital Rio Branco, com 4.281 hectares (16%), e Bujari, com 2.587 hectares (9%), são o segundo e o terceiro municípios com as maiores áreas exploradas, respectivamente.

A produção de madeira em tora no estado foi de cerca de 261 mil metros cúbicos, estimativa gerada a partir dos dados do Sinaflor (Sistema Nacional de Controle da Origem dos Produtos Florestais) através das movimentações de madeira em tora reguladas pelo DOF (Documento de Origem Florestal). Essas informações estão disponíveis na plataforma Timberflow, que foi desenvolvida pelo Imaflora para disponibilizar, analisar e gerar informação qualificada a partir dos bancos de dados dos sistemas de controle florestais oficiais do Brasil.

Em 2020, segundo dados do sistema DOF, os 10 municípios com a maior área explorada foram responsáveis por 92% da produção de toras do estado.

“Esse fato demonstra a concentração da produção de madeira do Acre ao redor de alguns municípios, ou seja, nessas regiões, é fundamental uma maior concentração de ações de controle da exploração madeireira, assim como de fomento à produção florestal responsável”, comenta Marco Lentini, coordenador de projetos do Imaflora.

O estudo não separou a exploração autorizada da não autorizada devido à falta de acesso aos dados da Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Acre. No entanto, há diálogo com o governo estadual para avançar nas análises, quando será possível identificar o percentual de legalidade da extração de madeira no estado.

Degradação – A exploração madeireira pode provocar a degradação florestal, que é um dano ambiental diferente do desmatamento. Na degradação, a floresta é continuamente empobrecida por distúrbios, como no caso da retirada de madeira sem planos de manejo. O empobrecimento da floresta ocorre com a redução da biomassa florestal, da biodiversidade e dos estoques de madeira comerciais. Já o desmatamento é quando ocorre o chamado “corte raso”, a remoção completa da vegetação, que pode ser feita com objetivo de converter a área em pastagem, lavoura ou garimpo, por exemplo.

Sobre a Rede Simex – Integrada por pesquisadores do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam), do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) e do Instituto Centro de Vida (ICV), foi formada para que o Sistema de Monitoramento da Exploração Madeireira (Simex), que já era realizado no Pará e Mato Grosso, pudesse ser ampliado para outros estados da Amazônia.

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This post was published on 11 de novembro de 2021

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