Uma pesquisa inédita mostrou que 42% da exploração madeireira em Rondônia entre agosto de 2019 e julho de 2020 ocorreu na capital, Porto Velho. Além disso, a área explorada ilegalmente no estado no período chegou a pelo menos 5 mil campos de futebol, apenas em unidades de conservação de proteção integral e terras indígenas. Devido à falta de acesso aos dados públicos completos, não foi possível analisar a legalidade da extração de madeira em todo o território rondoniense.
O estudo foi realizado pela Rede Simex, integrada por quatro organizações ambientais: Imazon, Idesam, Imaflora e ICV. Conforme a pesquisa, que é baseada em imagens de satélite, foram identificados no total 69.794 hectares com exploração madeireira em Rondônia, sendo 29.646 deles apenas em Porto Velho. A capital é seguida por Machadinho d’Oeste, com 8.129 hectares (12%), e Candeias do Jamari, com 6.317 hectares (9%). Os três municípios equivalem a mais da metade de toda a área com extração de madeira identificada no estado.
“Esses municípios concentram-se na região norte que, nos últimos anos, destacou-se pelo desmatamento. E, agora, segundo os nossos dados, também destaca-se pela exploração madeireira”, afirma Julia Niero Costa, da equipe de geotecnologias do Imaflora.
Além disso, os 10 municípios com a maior área explorada em Rondônia também foram responsáveis por 75% de toda da produção de madeira em tora do estado. Essas estimativas foram geradas a partir dos dados disponíveis na plataforma Timberflow, desenvolvida pelo Imaflora. A ferramenta tem o objetivo de disponibilizar, analisar e gerar informações qualificadas a partir dos bancos de dados dos sistemas de controle florestais oficiais do Brasil.
Tubarão Latunde foi a terra indígena mais afetada
Localizada no município de Chupinguaia, a Tubarão Latunde concentrou 68% das explorações em terras indígenas de Rondônia, onde a extração não é autorizada. No local, foram explorados 2.242 hectares, o equivalente a mais de dois mil campos de futebol. Na área, residem 195 pessoas, de três povos. A outra terra com extração de madeira identificada no estudo foi a Rio Omerê, onde 1.065 hectares foram explorados, 32% do mapeado em áreas indígenas.
Em relação às unidades de conservação de proteção integral, onde a extração também não é autorizada, 86% da exploração madeireira ocorreu no Parque Nacional dos Campos Amazônicos. A área protegida também é localizada no norte de Rondônia, na divisa com o Amazonas e o Mato Grosso, região que enfrenta alta pressão pela destruição da floresta. Já nas unidades de conservação de uso sustentável, 78% das explorações ocorreram na Reserva Extrativista Rio Preto-Jacundá e na Floresta Nacional de Jacundá, que está em concessão.
Degradação – A exploração madeireira pode provocar a degradação florestal, que é um dano ambiental diferente do desmatamento. Na degradação, a floresta é continuamente empobrecida por distúrbios, como no caso da retirada de madeira sem planos de manejo. O empobrecimento da floresta ocorre com a redução da biomassa florestal, da biodiversidade e dos estoques de madeira comerciais. Já o desmatamento é quando ocorre o chamado “corte raso”, a remoção completa da vegetação, que pode ser feita com objetivo de converter a área em pastagem, lavoura ou garimpo, por exemplo.
Sobre a Rede Simex – Integrada por pesquisadores do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam), do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) e do Instituto Centro de Vida (ICV), foi formada para que o Sistema de Monitoramento da Exploração Madeireira (Simex), que já era realizado no Pará e Mato Grosso, pudesse ser ampliado para outros estados da Amazônia.
This post was published on 19 de outubro de 2021
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