Radar Verde: Transparência da Carne na Amazônia – Resultados 2023

Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e Instituto O Mundo Que Queremos. Radar Verde: Transparência da Carne na Amazônia – Resultados 2023. Belém e São Paulo: 2023.

INTRODUÇÃO

A pecuária bovina é uma atividade fundamental para o país, mas contribui diretamente para o desmatamento da Amazônia Legal, por ser a atividade que mais desmata a floresta para abertura de pastos, que já cobrem cerca de 90% da área total desmatada, sendo 90% ilegal, segundo um estudo realizado pelo projeto Amazônia 2030. A região também concentra 43% do rebanho bovino do Brasil(1), segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Dessa maneira, o combate ao desmatamento na região requer que empresas da cadeia da carne que ainda não adotaram medidas de controle de seus fornecedores diretos e indiretos e investiram recursos para a preservação ambiental sejam incentivadas a serem mais responsáveis, com o risco de serem desfavorecidas por consumidores que crescentemente assumem atitudes ambientalmente mais conscientes.

Uma forma de controle que a indústria adota atualmente é a exigência das informações da origem do gado por meio da Guia de Trânsito Animal (GTA), fornecida no ato da venda pelo fornecedor direto, aquele que vende diretamente à indústria os animais prontos para o abate. Porém, ainda não há o controle sobre os fornecedores indiretos, que são aqueles que vendem bezerros e novilhos aos fornecedores diretos para engorda. Segundo o Radar Verde – indicador público e independente de transparência e controle da cadeia de produção e comercialização de carne bovina no Brasil –, este é um dos grandes gargalos no monitoramento da origem do gado atualmente.

Assim, desde 2022, o Radar Verde avalia iniciativas de frigoríficos e supermercados, em todas as etapas de sua cadeia de fornecedores, que indiquem seu grau de comprometimento com a garantia de que a carne bovina que compram e vendem não está relacionada ao desmatamento da Amazônia Legal. O intuito é proporcionar a consumidores e financiadores informações para tomada de decisões que apoiem empresas comprometidas com a preservação da Amazônia.

Para a avaliação, o Radar Verde identifica anualmente as empresas frigoríficas e varejistas atuantes na Amazônia Legal e as convida a responderem um questionário sobre suas políticas ambientais e a apresentarem evidências de implementação. O questionário direcionado aos frigoríficos trata das políticas aplicadas pelas empresas para verificação sobre as fazendas que lhes fornecem gado direta e indiretamente.

No levantamento realizado em 2023 foram identificados 132 frigoríficos(2) nos registros de Serviço de Inspeção Estadual (SIE) e de Serviço de Inspeção Federal (SIF) operando na Amazônia. Também identificamos 69 supermercados, que correspondem às 50 das maiores redes varejistas, segundo o ranking de faturamento da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), e os 19 maiores supermercados dos estados da Amazônia Legal.

Para a avaliação neste ano, o Radar Verde usou, além das informações coletadas por meio de questionários, os dados públicos disponíveis nos websites das empresas e adotou os seguintes indicadores:

GRAU DE CONTROLE DA CADEIA: Avalia as políticas contra o desmatamento e os indicadores de seu desempenho. Nesta avaliação verificamos as políticas e indicadores para controle da origem (direta e indireta) da carne apresentadas nas respostas das empresas ao questionário do Radar Verde, bem como sua eficácia comprovada por meio de auditoria independente realizada pela empresa.

GRAU DE TRANSPARÊNCIA PÚBLICA: Avalia se as informações disponibilizadas nos sites das empresas mapeadas revelam a política de controle do desmatamento na cadeia da carne e se sua eficácia é comprovada por meio de auditoria independente realizada pela empresa. Para a avaliação desse indicador consideramos as perguntas do questionário de avaliação do Grau de Controle.

GRAU DE EXPOSIÇÃO AO RISCO DE DESMATAMENTO: Avalia o grau de exposição dos frigoríficos ao desmatamento. A metodologia foi desenvolvida pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e é baseada em informações sobre a zona de compra de cada planta frigorífica e sua sobreposição com desmatamento ocorrido, áreas embargadas e risco de desmatamento futuro.

(1) Rebanho de Bovinos (Bois e Vacas), disponível em: https://www.ibge.gov.br/explica/producao-agropecuaria/bovinos/br

(2) Em pesquisa realizada pela equipe Radar Verde em 2023, analisamos que os frigoríficos 163 Beef e Frigomarca, embora tenham nomes fantasias diferentes, pertencem ao mesmo grupo de razão social Frigomarca. Sendo assim, para a realização do cálculo do Grau de Exposição ao Risco de Desmatamento foi considerada a zona de compra de gado que o grupo abrange. Portanto, desta forma, informamos que a lista de resultados com o número total foi alterada de 133 para 132 grupos frigoríficos

Baixe o relatório aqui

This post was published on 8 de novembro de 2023

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Publicado por
Fernanda

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