RESUMO
Em junho de 2015, o SAD detectou 972 quilômetros quadrados de desmatamento na Amazônia Legal, com uma cobertura de nuvens de 16% do território. Isso representou um aumento de 97% em relação a junho de 2014 quando o desmatamento somou 494 quilômetros quadrados e a cobertura de nuvens foi de 15%. Em junho de 2016, o desmatamento concentrou no Pará (50%), Amazonas (27%), Mato Grosso (12%) e Rondônia (9%), com menor ocorrência em Roraima (1%) e Acre (1%). As florestas degradadas na Amazônia Legal somaram 9.481 quilômetros quadrados em junho de 2016. Em relação a junho de 2015 houve um aumento de 105.244%, quando a degradação florestal somou 9 quilômetros quadrados.
Estatística de Desmatamento
De acordo com o SAD, o desmatamento (supressão total da floresta para outros usos alternativos do solo) atingiu 972 quilômetros quadrados em junho de 2016 (Figura 1 e Figura 2).
Figura 1. Desmatamento de agosto de 2014 a junho de 2016 na Amazônia Legal (Fonte: Imazon/SAD).
Figura 2. Desmatamento e Degradação Florestal em junho de 2016 na Amazônia Legal (Fonte: Imazon/ SAD).
Em junho de 2016, o desmatamento concentrou no Pará (50%), Amazonas (27%), Mato Grosso (12%) e Rondônia (9%), com menor ocorrência em Roraima (1%) e Acre (1%) (Figura 3).
O desmatamento acumulado no período de agosto de 2015 a junho de 2016, correspondendo aos onze primeiros meses do calendário oficial de medição do desmatamento, atingiu 3.040 quilômetros quadrados. Houve aumento de 9% do desmatamento em relação ao período anterior (agosto de 2014 a junho de 2015) quando atingiu 2.780 quilômetros quadrados.
Figura 3. Percentual do desmatamento nos Estados da Amazônia Legal em junho de 2016 (Fonte: Imazon/SAD).
Considerando os onze primeiros meses do calendário atual de desmatamento (agosto de 2015 a junho de 2016), o Pará lidera o ranking com 32% do total desmatado no período. Em seguida aparece Mato Grosso (28%) e Amazonas (22%). Em termos relativos, houve redução de 68% no Acre e 31% em Roraima. Em termos absolutos, o Pará lidera o ranking do desmatamento acumulado com 966 quilômetros quadrados, seguido pelo Mato Grosso (837 quilômetros quadrados) e Amazonas (682 quilômetros quadrados) (Tabela 1).
Tabela 1. Evolução do desmatamento entre os Estados da Amazônia Legal de agosto de 2014 a junho de 2015 e agosto de 2015 a junho de 2016 (Fonte: Imazon/SAD).
*Os dados do Maranhão não foram analisados.
Degradação Florestal
Em junho de 2016, o SAD registrou 9.481 quilômetros quadrados de florestas degradadas (florestas intensamente exploradas pela atividade madeireira e/ou queimadas) (Figuras 2 e 4). Desse total, a grande maioria (93%) ocorreu no Pará, seguido por Roraima (4%), Amazonas (2%) e Rondônia (1%).
Figura 4. Degradação Florestal de agosto de 2014 a junho de 2016 na Amazônia Legal (Fonte: Imazon/SAD).
Tabela 2. Evolução da degradação florestal entre os Estados da Amazônia Legal de agosto de 2014 a junho de 2015 e agosto de 2015 a junho de 2016 (Fonte: Imazon/SAD).
*Os dados do Maranhão não foram analisados.
Geografia do Desmatamento
Em junho de 2016, a maioria (51%) do desmatamento ocorreu em áreas privadas ou sob diversos estágios de posse. O restante do desmatamento foi registrado em Unidades de Conservação (25%), Assentamentos de Reforma Agrária (23%) e Terras Indígenas (1%) (Tabela 3).
Tabela 3. Desmatamento por categoria fundiária em junho de 2016 na Amazônia Legal (Fonte: Imazon/ SAD).
Assentamentos de Reforma Agrária
O SAD registrou 223 quilômetros quadrados de desmatamento nos Assentamentos de Reforma Agrária em junho de 2016 (Figura 5). Os Assentamentos mais afetados pelo desmatamento foram PA Rio Juma (Apuí; Amazonas), PDS Liberdade (Pacajá; Pará) e PA Acari (Novo Aripuanã; Amazonas).
Figura 5. Assentamentos de Reforma Agrária mais desmatados em junho de 2016 na Amazônia Legal (Fonte: Imazon/SAD).
Áreas Protegidas
No mês de junho de 2016, o SAD detectou 241 quilômetros quadrados de desmatamento nas Unidades de Conservação (Figura 6). No caso das Terras Indígenas, em junho de 2016 foram detectados 9 quilômetros quadrados de desmatamento (Figura 7).
Figura 6. Unidades de Conservação mais desmatadas na Amazônia Legal em junho de 2016 (Fonte: Imazon /SAD).
Figura 7. Terras Indígenas desmatadas na Amazônia Legal em junho de 2016 (Fonte: Imazon /SAD).
Municípios Críticos
Em junho de 2016, os municípios mais desmatados foram: Altamira (Pará) e Apuí (Amazonas) (Figura 8 e 9).
Figura 8. Municípios mais desmatados na Amazônia Legal em junho de 2016 (Fonte: Imazon /SAD).
Figura 9. Municípios com maiores áreas desmatadas em junho de 2016 (Fonte: Imazon/SAD).
Cobertura de Nuvem e Sombra
Em junho de 2016, foi possível monitorar com o SAD 84% da área florestal na Amazônia Legal. Os outros 16% do território florestal estavam cobertos por nuvens o que dificultou a detecção do desmatamento e da degradação florestal. Os Estados com maior cobertura de nuvem foram Roraima (60%) e Amapá (57%). Em virtude disso, os dados de desmatamento e degradação florestal em junho de 2016 podem estar subestimados (Figura 10). * A parte do Maranhão que integra a Amazônia Legal não foi analisada.
Figura 10. Área com nuvem e sombra em junho de 2016 na Amazônia Legal (Fonte: Imazon/ SAD).
SAD-EE
Desde agosto de 2012 a detecção de alertas de desmatamento e degradação florestal vem sendo realizada na plataforma Google Earth Engine (EE), com a nova versão SAD EE. Esse sistema foi desenvolvido em colaboração com a Google e utiliza o mesmo processo já utilizado pelo SAD 3.0 (Quadro I), com imagens de reflectância do MODIS para gerar os alertas de desmatamento e degradação florestal.
Quadro I: SAD 3.0
Desde agosto de 2009, o SAD apresentou algumas novidades. Primeiro, criamos uma interface gráfica para integrar todos os programas de processamento de imagem usados no SAD. Segundo, começamos a computar o desmatamento em áreas que estavam cobertas por nuvens nos meses anteriores em uma nova classe. Por último, o desmatamento e a degradação são detectados com pares de imagens NDFI em um algoritmo de detecção de mudanças. O método principal continua o mesmo do SAD 2.0 como descrito abaixo. O SAD gera mosaico temporal de imagens MODIS diárias dos produtos MOD09GQ e MOD09GA para filtragem de nuvens. Em seguida, utilizamos uma técnica de fusão de bandas de resolução espectrais diferentes, ou seja, com pixels de diferentes tamanhos. Nesse caso, fizemos a mudança de escala das 5 bandas com pixel de 500 metros do MODIS para 250 metros. Isso permitiu aprimorar o modelo espectral de mistura de pixel, fornecendo a capacidade de estimar a abundância de Vegetação, Solos e Vegetação Fotossinteticamente Não-Ativa (NPV do inglês – Non-Photosynthetic componentes (Vegetação, Solo e Sombra) para calcular o NDFI, com a equação abaixo:
NDFI = (VGs – (NPV + Solo)
(VGs +NPV+Solo)
Onde VGs é o componente de Vegetação normalizado para sombra dado por: VGs = Vegetação/(1- Sombra) O NDFI varia de -1 (pixel com 100% de solo exposto) a 1 (pixel com > 90% com vegetação florestal). Dessa forma, passamos a ter uma imagem contínua que mostra a transição de áreas desmatadas, passando por florestas degradadas, até chegar a florestas sem sinas de distúrbios. A detecção do desmatamento e da degradação passou esse mês com a diferença de imagens NDFI de meses consecutivos. Dessa forma, uma redução dos valores de NDFI entre -200 e -50 indica áreas possivelmente desmatadas e entre -49 e -20 com sinais de degradação. O SAD 3.0 Beta é compatível com as versões anteriores (SAD 1.0 e 2.0), porque o limiar de detecção de desmatamento foi calibrado para gerar o mesmo tipo de resposta obtida pelo método anterior. O SAD já está operacional no Estado de Mato Grosso desde agosto de 2006 e na Amazônia Legal desde abril de 2008. Nesse boletim, apresentamos os dados mensais gerados pelo SAD de agosto de 2014 a junho de 2016.