A Amazônia viveu em 2021 a maior derrubada de sua floresta dos últimos 15 anos. Mesmo ano em que o Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC) da Organização das Nações Unidas (ONU) reforçou seu ultimato: ou reduzimos as emissões mundiais de gases de efeito estufa ou sofreremos com eventos climáticos extremos com maior frequência e intensidade.
No Brasil, apenas em 2021, a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) contabilizou mais de 40 milhões de pessoas afetadas por chuvas fortes. E nós sentimos no bolso o aumento no preço da conta de luz por causa da falta d’água nos reservatórios das hidrelétricas. Assim como a alta no custo dos alimentos depois que secas causaram quebras nas safras de importantes commodities agrícolas como soja, milho e café.
É claro que essas não foram consequências apenas do aumento do desmatamento da Amazônia, mas a literatura científica tem nos mostrado que a derrubada da floresta tem um grande impacto nesse desequilíbrio climático. E foi dentro desse contexto que o trabalho de mais de três décadas para a conservação e o desenvolvimento sustentável da região realizado pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) ganhou ainda mais relevância em 2021. Isso porque reforçamos nosso trabalho tanto de produção científica quanto de execução de projetos de campo para proteger, monitorar e restaurar a Amazônia.
“Reforçamos nosso trabalho tanto de produção científica quanto de execução de projetos de campo para proteger, monitorar e restaurar a Amazônia”
Para conservação, estivemos in loco no maior bloco de áreas protegidas do mundo, chamado de Norte do Pará. Lá, executamos projetos junto aos povos e comunidades tradicionais, aos moradores da região, aos órgãos públicos e ao público nacional e internacional para tornar a região mais conhecida, valorizada e desenvolvida de forma sustentável.
Já para toda a Amazônia Legal, seguimos monitorando e reportando o desmatamento e a degradação florestal, a ameaça e a pressão de derrubada da floresta em áreas protegidas e as mudanças no uso e cobertura da terra. E, em 2021, lançamos por meio de parcerias três novos monitoramentos para toda a região: o da exploração madeireira, o do risco do desmatamento e o da superfície d’água. Análises que serviram para mostrar o quanto a floresta e as pessoas que dependem dela estão sob situação de extrema tensão e precisam urgentemente de medidas de proteção mais efetivas.
“Análises que serviram para mostrar o quanto a floresta e as pessoas que dependem dela estão sob situação de extrema tensão e precisam urgentemente de medidas de proteção mais efetivas”
Também continuamos a monitorar e a propor soluções para as leis e práticas de regularização fundiária e para a pecuária na Amazônia, publicando dados e análises inéditas sobre esses temas em 2021. Essas informações ajudaram na avaliação de projetos legislativos, inclusive contribuindo para barrar novos retrocessos, de políticas públicas e de ações do setor privado.
Além disso, publicamos novos dados sobre a vegetação secundária, mostrando a resiliência da Amazônia e o potencial da região para a restauração florestal. E, ainda, estivemos em campo para recuperar áreas derrubadas com objetivo de gerar renda com a floresta em pé. Atuação alinhada com a Década da Restauração de Ecossistemas (2021-2030) definida pela ONU.
Diante de toda a adversidade que 2021 representou para a Amazônia, as pesquisas que produzimos provaram que a sustentabilidade é urgente e apresentaram os caminhos para adotá-la. Enquanto isso, os projetos que realizamos começaram a colocar em prática as soluções propostas pelos estudos. E o mais importante: encontramos eco para essa visão sustentável nas milhares de reportagens que citaram nosso trabalho e nas milhões de pessoas que se conectaram conosco pelas redes sociais.
Por isso, agradecemos a todas e a todos que nos apoiaram na atuação por uma Amazônia mais conservada e mais socioambientalmente justa e desenvolvida. Nas próximas páginas, apresentaremos com mais detalhes essas iniciativas.
O futuro da Amazônia precisa ser de esperança. E cada leitora ou leitor pode nos ajudar a realizá-lo. Boa leitura!
Ritaumaria Pereira
Diretora executiva
Verônica Oki
Diretora administrativa