Desmatamento cresce 23% na Amazônia em novembro e faz acumulado de 2022 ser o maior em 15 anos

Terceira unidade de conservação mais atingida pelos desmatadores foi a Floresta Estadual (Flota) do Paru, onde está a maior árvore da América Latina e a 4ª maior do mundo

Acampamento de garimpeiros dentro da Flota do Paru, no Norte do Pará, o santuário das árvores gigantes da Amazônia (Foto: Havita Rigamonti/Imazon/Ideflor)

 

A derrubada da Amazônia segue batendo novos recordes negativos mesmo durante o período chuvoso na região, chamado de “inverno amazônico”. Apenas em novembro, foram desmatados 590 km², 23% a mais do que no mesmo mês do ano passado. Com isso, o acumulado desde janeiro chegou a 10.286 km², o que equivale à devastação de 3 mil campos de futebol por dia. Essa é a pior marca para o período em 15 anos.

“O Brasil já é o quinto maior emissor do mundo de gases do efeito estufa, que são os responsáveis pelas mudanças climáticas. E, ao vermos os números de desmatamento cada vez mais altos, também vislumbramos mais um recorde negativo nas emissões. Em 2021, o país teve a maior alta na liberação desses gases em 19 anos, principalmente por causa do setor de mudança no uso da terra, conectado diretamente com a derrubada na Amazônia”, comenta Bianca Santos, pesquisadora do Imazon.

O aumento da devastação tem ameaçado cada vez mais a maior árvore da América Latina e a quarta mais alta do mundo: um angelim-vermelho localizado na Floresta Estadual (Flota) do Paru, no norte do Pará. Em novembro, essa unidade de conservação foi a terceira mais desmatada de toda a Amazônia.

De responsabilidade do governo do Pará, o território sofre com o avanço do garimpo e da grilagem que colocam em risco não apenas a árvore recordista, mas também um santuário de angelins com alturas superiores a 70 metros. Além de prejudicar centenas de famílias que dependem do extrativismo da castanha-do-pará na Flota Paru. Motivo que levou o Imazon a lançar a campanha #ProtejaAsÁrvoresGigantes, que pede providências urgentes da gestão estadual.

“A Flota do Paru é um verdadeiro santuário das árvores gigantes na Amazônia. Por isso, é extremamente grave que o desmatamento esteja avançando sobre o local. Em consulta realizada neste mês no Sistema de Cadastro Ambiental Rural do Pará (Sicar Pará), é possível visualizar mais de trinta Cadastros Ambientais Rurais (CARs) sobrepostos à área, o que indica que os desmatadores estão pressionando pela posse desses lotes. O governo paraense precisa urgentemente cancelar esses registros ilegais e retirar os invasores da unidade de conservação”, alerta Jakeline Pereira, pesquisadora do Imazon e conselheira da Flota.

 

Pará, Mato Grosso e Amazonas concentram 72% desmatamento

Assim como o acumulado do ano, o desmatamento em novembro foi o pior desde 2008, quando o Imazon implantou seu Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), que monitora a floresta por imagens de satélite. E quase metade da derrubada registrada no mês em toda a Amazônia ocorreu apenas no Pará: 276 km² (47%).

O Mato Grosso ocupou a segunda colocação, com 82 km² de floresta destruídos (14%), e o Amazonas a terceira, com 66 km² (11%). Juntos, esses estados somaram 72% de toda a devastação na Amazônia Legal.

“É importante lembrar que a lei permite que os governos dos estados atuem para combater o desmatamento tanto em áreas estaduais quanto federais. Além disso, têm o dever de cancelar os Cadastros Ambientais Rurais (CARs) sobrepostos às áreas protegidas, como terras indígenas e quilombolas e unidades de conservação”, explica Bianca Santos, pesquisadora do Imazon. 

Clique aqui para ver os dados de novembro
Visite o site da campanha #ProtejaAsÁrvoresGigantes
Saiba mais sobre o SAD aqui

This post was published on 20 de dezembro de 2022

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