O primeiro semestre de 2023 fechou com uma redução de 60% no desmatamento da Amazônia. A derrubada da floresta de janeiro a junho passou de 4.789 km² em 2022 para 1.903 km² neste ano. Essa foi a menor área devastada em seis anos, desde 2018. Os dados são do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Imazon, que monitora a Amazônia Legal por imagens de satélite.
Apesar da notícia positiva, a área destruída nos primeiros seis meses de 2023 foi a sexta maior de toda a série histórica do monitoramento, que iniciou em 2008. Apenas no semestre, a Amazônia perdeu um território florestal quase duas vezes maior do que Belém. Isso equivale a mais de mil campos de futebol desmatados por dia.
Apenas em junho, o desmatamento caiu 75% na Amazônia, passando de 1.429 km² em 2022 para 361 km² em 2023. Esse foi o segundo mês com a maior queda na devastação neste ano, atrás apenas de maio, quando a derrubada da floresta amazônica teve uma redução de 77%. Em relação à série histórica, a devastação registrada em junho foi a menor em 10 anos, desde 2014.
“Isso indica que a retomada do Brasil a pauta ambiental está mostrando resultados positivos. Essa política e a redução do desmatamento precisa ser mantida para que o Brasil consiga atingir as suas metas de redução dos gases do efeito estufa assumidas mundialmente. Em 2021, a maior parte das emissões brasileiras vieram do setor de mudança no uso da terra, principalmente por causa do desmatamento na Amazônia”, comenta Larissa Amorim, pesquisadora do Imazon.
Dos nove estados que compõem a Amazônia Legal, apenas Roraima apresentou alta no desmatamento entre janeiro e junho de 2023. No estado, a derrubada passou de 74 km² no primeiro semestre do ano passado para 112 km² neste ano, um aumento de 51%.
Apenas o assentamento PAD Anauá perdeu uma área de 17 km² de floresta entre janeiro e junho, o equivalente a 1,7 mil campos de futebol. Ele foi o segundo assentamento mais desmatado de toda a Amazônia no primeiro semestre deste ano. “A maior parte do desmatamento no estado de Roraima no primeiro semestre ocorreu em áreas de assentamento e imóveis privados”, afirma Amorim.
Estado | Desmatamento 1º semestre 2022 (km²) | Desmatamento 1º semestre 2023 (km²) | Variação |
Mato Grosso | 977 | 580 | -41% |
Amazonas | 1440 | 475 | -67% |
Pará | 1378 | 427 | -69% |
Rondônia | 626 | 185 | -70% |
Roraima | 74 | 112 | 51% |
Maranhão | 107 | 72 | -33% |
Acre | 179 | 44 | -75% |
Tocantins | 7 | 7 | 0% |
Amapá | 1 | 1 | 0% |
Amazônia | 4789 | 1903 | -60% |
Apesar de registrarem quedas significativas no desmatamento no primeiro semestre, Mato Grosso, Amazonas e Pará seguem como os estados com as maiores áreas desmatadas na Amazônia. De janeiro a junho, Mato Grosso devastou 580 km², Amazonas 475 km² e Pará 427 km², o que representa 30%, 25% e 22% do total na região, respectivamente. Ou seja: juntos, esses estados foram os responsáveis por 77% da floresta destruída nos 9 estados da Amazônia Legal.
Em Mato Grosso, a derrubada da floresta vem avançando principalmente na metade norte, em municípios como Feliz Natal, o sétimo mais desmatado na Amazônia no primeiro semestre, e Colniza, o décimo. Além disso, duas áreas protegidas localizadas ao norte do estado também ficaram entre as mais devastadas. O território Piripkura, localizado nos municípios de Colniza e Rondolândia, foi a terceira terra indígena mais destruída da Amazônia. E a Resex Guariba-Roosevelt, que fica nos municípios de Aripuanã e Colniza, foi a sétima unidade de conservação mais desmatada da região.
“O Mato Grosso historicamente é um dos estados da Amazônia que mais desmatam, a maior parte desse desmatamento está relacionado a atividade agropecuária”, comenta Amorim.
Municípios mais desmatados do 1º semestre de 2023 | |||
Ranking | Nome | Estado | Área |
1 | Apuí | AM | 146 |
2 | Altamira | PA | 117 |
3 | Porto Velho | RO | 70 |
4 | Novo Aripuanã | AM | 58 |
5 | Canutama | AM | 55 |
6 | Lábrea | AM | 54 |
7 | Feliz Natal | MT | 52 |
8 | São Félix do Xingu | PA | 52 |
9 | Manicoré | AM | 46 |
10 | Colniza | MT | 46 |
Segundo estado que mais destruiu a Amazônia entre janeiro e junho, o Amazonas sofre com o avanço do desmatamento nos municípios do sul, principalmente na divisa com Acre e Rondônia, região chamada de Amacro. É lá que ficam cinco dos 10 municípios que mais desmataram a Amazônia no primeiro semestre: Apuí, o líder do ranking, Novo Aripuanã, Canutama, Lábrea e Manicoré. “Apenas esses cinco municípios foram responsáveis por 76% da derrubada da floresta registrada no Amazonas nos primeiros seis meses deste ano”, alerta Bianca Santos, pesquisadora do Imazon.
Por causa dessa pressão no sul, o Amazonas também foi o estado que teve o maior número de assentamentos entre os 10 mais desmatados da Amazônia, cinco. Além disso, três das terras indígenas amazonenses ficaram entre as 10 mais destruídas da região: a Tenharim Marmelos (Gleba B), líder do ranking, a Andirá-Marau, que também fica no Pará, e a Sepoti.
Assentamentos mais desmatados do 1º semestre de 2023 | |||
Ranking | Nome | Estado | Área |
1 | PA Rio Juma | AM | 82 |
2 | PAD Anauá | RR | 17 |
3 | PDS Realidade | AM | 9 |
4 | PA Acari | AM | 9 |
5 | PAF Jequitibá | RO | 9 |
6 | PDS Liberdade I | PA | 8 |
7 | PAE Aripuanã-Guariba | AM | 8 |
8 | PAE Santa Maria Auxiliadora | AM | 7 |
9 | PDS Laranjal | PA | 7 |
10 | PA Jacaré | PA | 6 |
Já o Pará, terceiro estado com o maior desmatamento no primeiro semestre na Amazônia, segue apresentando avanço da destruição dentro de áreas protegidas. É em solo paraense que ficam metade das terras indígenas e das unidades de conservação mais devastadas da região. O caso mais grave é da APA Triunfo do Xingu, unidade de conservação estadual que perdeu 60 km² de floresta entre janeiro e junho, o que equivale a mil campos de futebol por mês.
Unidades de Conservação mais desmatadas do 1º semestre de 2023 | |||
Ranking | Nome | Estado | Área |
1 | APA Triunfo do Xingu | PA | 60 |
2 | Resex Jaci Paraná | RO | 10 |
3 | APA do Tapajós | PA | 8 |
4 | PES de Guajará-Mirim | RO | 7 |
5 | Flona do Jamanxim | PA | 5 |
6 | Resex Rio Preto-Jacundá | RO | 3 |
7 | Resex Guariba-Roosevelt | MT | 2 |
8 | Esec da Terra do Meio | PA | 2 |
9 | APA Leandro (Ilha do Bananal/Cantão) | TO | 1 |
10 | FES do Paru | PA | 1 |
“O Pará vem realizando operações que resultaram na redução do desmatamento no estado. Porém, algumas áreas protegidas estão enfrentando forte pressão, com o avanço da derrubada ilegal em seus territórios. São locais que precisam receber atenção prioritária para barrar o aumento da destruição de suas florestas, com a devida punição dos responsáveis por esse crime ambiental”, avalia Amorim.
Terras Indígenas mais desmatadas do 1º semestre de 2023 | |||
Ranking | Nome | Estado | Área |
1 | TI Tenharim Marmelos (Gleba B) | AM | 3 |
2 | TI Igarapé Lage | RO | 2 |
3 | TI Piripkura | MT | 2 |
4 | TI Mundurucu | PA | 1 |
5 | TI Andirá-Marau | AM/PA | 1 |
6 | TI Trincheira/Bacajá | PA | 1 |
7 | TI Apyterewa | PA | 1 |
8 | TI Sepoti | AM | 1 |
9 | TI Porquinhos dos Canela-Apãnjekra (reestudo) | MA | 1 |
10 | TI Xikrin do Cateté | PA | 0.5 |
This post was published on 20 de julho de 2023
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