Hoje com 100 mil habitantes, Paragominas é tida como modelo de desenvolvimento sustentável para outras cidades da Amazônia.

A parceria com a TNC, por si só, evidencia o perfil incomum da cidade: em uma região marcada por conflitos agrários e embates entre ambientalistas e ruralistas, a ONG ganhou sala própria no prédio do sindicato dos produtores. Esse tipo de inovação é fruto de mudanças impulsionadas pela inviabilidade econômica anterior de Paragominas. Com a entrada do município na lista dos campeões de desmatamento na Amazônia, divulgada em janeiro de 2008 pelo Ministério do Meio Ambiente, os produtores ficaram impedidos de acessar linhas de crédito.

Naquele mesmo ano, em março, uma operação conjunta da Polícia Federal, do Ibama e da Força Nacional de Segurança Pública chegou à cidade. Chamada de Arco de Fogo, a iniciativa resultou, sobretudo, no fechamento de serrarias ilegais. A reação de Adnan Demachki, ainda hoje prefeito, foi convocar empresários e 50 entidades de classe locais para a assinatura de um pacto pelo desmatamento zero. Ainda naquele ano, em novembro, outra operação, chamada de Rastro Negro e encabeçada pela Polícia Militar e pelo Ibama, pôs fim a 120 fornos de carvão irregulares, além de apreender caminhões com toras procedentes de áreas exploradas de forma ilegal. A reação das pessoas ligadas a essas atividades foi violenta, e, em 24 de novembro, o escritório do Ibama em Paragominas foi incendiado.

“Tratou-se de um ato isolado, praticado por uma minoria”, garante Demachki. A persistência nas boas práticas trouxe resultados. Problemas como a retirada ilícita de toras ainda persistem, mas em escala reduzida. A parceria com o Imazon permite, desde 2008, o monitoramento via satélite do território. Os relatórios mensais são enviados à Secretaria Municipal de Meio Ambiente, que, com as coordenadas geográficas em mãos, vai aos locais exatos confirmar ou não o desmatamento. A outra parceria, com a TNC, assegurou a execução do Cadastro Ambiental Rural (CAR) de quase todas as propriedades da cidade, uma ferramenta legal com informações sobre o perímetro e um mapeamento de vegetação nativa e áreas abertas de cada fazenda. “Assim, é possível definir, por exemplo, onde reflorestar”, explica Niedermeier. Enfim, em março de 2010, o efeito de tanto esforço: Paragominas foi o primeiro município a sair da lista do desmatamento na Amazônia.

Fonte:National Geographic (29.08.2011)


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