Santos, D., Celentano, D., Garcia, J., Aranibar, A. e Veríssimo, A. Índice de Progresso Social na Amazônia Brasileira – IPS Amazônia 2014. Belém: Imazon, 2014.

Prefácio

A Amazônia brasileira é um microcosmo global dos maiores desafios que a humanidade enfrenta no século 21: encontrar o equilíbrio entre a necessidade de acelerar o progresso social, acabar com a pobreza e permitir que todos tenham uma vida plena, aliado com a necessidade de proteger nosso frágil meio ambiente. O Índice de Progresso Social na Amazônia brasileira lida com este desafio de duas maneiras. Ele é um poderoso apelo para que governos, empresas e sociedade civil ajam no sentido de atender às necessidades das pessoas que vivem na Amazônia brasileira. É, também, o primeiro esforço para avaliar o progresso social de forma rigorosa, consistente e holística em nível subnacional, representando um modelo para as comunidades ao redor do mundo.

A Amazônia brasileira abriga cerca de um terço das florestas tropicais e pelo menos um quinto da biodiversidade do planeta. O bem-estar de toda a humanidade depende da conservação e do uso sustentável de ecossistemas como a Amazônia. No entanto, não poderemos proteger esse bem público global se negligenciarmos o bem-estar dos mais de 24 milhões de cidadãos que povoam esta região de 5 milhões de quilômetros quadrados, uma área maior que a dos 28 países da União Europeia juntos.

O relatório “Índice de Progresso Social na Amazônia brasileira – IPS Amazônia” mostra que o cidadão comum desta região enfrenta enormes deficiências em quase todos os componentes do progresso social: há dificuldades dramáticas de acesso à água limpa e saneamento básico; problemas na qualidade da educação básica; informação e meios de comunicação deficientes; e a maioria ainda tem pouca oportunidade de chegar ao ensino superior. Além disso, o cidadão da Amazônia enfrenta restrições importantes de direitos individuais e de liberdade de escolha, principalmente por causa das dificuldades de mobilidade nas cidades, gravidez precoce na infância e adolescência e violência generalizada, que afeta especialmente os jovens.

A realidade social de 772 municípios e dos nove estados que compõem a Amazônia brasileira é dramática. Quase 98,5% dos municípios amazônicos têm uma pontuação de progresso social inferior à média nacional. E, o Brasil ocupa somente a 46ª posição de progresso social entre os 132 países no mundo.O Índice de Progresso Social da Amazônia brasileira foi concebido como uma ferramenta para a ação, que permite identificar questões sociais urgentes em todos o municípios. Também identifica histórias de sucesso: municípios que foram bem-sucedidos em transformar os recursos econômicos em progresso social.

Este relatório foi concebido e apoiado pela #Progresso Social Brasil, uma rede emergente de parceiros que reúne diferentes setores da sociedade no País em torno do objetivo comum de melhorar o progresso social. Nós da Social Progress Imperative agradecemos especialmente ao Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) por liderar este projeto e à Fundação Avina e Deloitte Brasil por liderarem esta rede.

Temos certeza que o mundo inteiro poderá aprender com esta iniciativa no Brasil, visto que este ocupa a melhor posição entre os países emergentes para mostrar que é possível promover o progresso social e, ao mesmo tempo, ter um crescimento econômico forte, sustentabilidade ambiental e instituições democráticas sólidas.

O mundo também poderá aprender com a metodologia utilizada neste relatório, na qual o modelo de Índice de Progresso Social Global criado para medir o desempenho das nações foi adaptado para medir o que realmente é importante para as pessoas da região amazônica. Portanto, o Índice de Progresso Social construído para a Amazônia brasileira combina tanto indicadores globalmente relevantes – tais como taxa de mortalidade materna, de acesso à água e matrícula no ensino médio – como indicadores customizados adaptados ao contexto local – tais como taxa de desmatamento, gravidez precoce na infância e adolescência e violência contra indígenas.

É possível adaptar a estrutura de progresso social sobre a qual os índices Global e da Amazônia estão construídos para mostrar com clareza a realidade local, a fim de que sejam implementadas ações em comunidades em qualquer lugar do planeta. Nossa expectativa é que este relatório seja a primeira de muitas iniciativas semelhantes ao redor do mundo para medir e promover o progresso social usando esta nova ferramenta. Agradecemos contribuições com comentários e a qualquer interessado em integrar a rede #Progresso Social Brasil.

Michael Green, SPI
(Diretor Executivo da Social Progress Imperative)

 

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